sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Poema: Criação

CRIAÇÃO
 para Rafael


É possível que os relógios titubeiem,
Que os olhos estremeçam,
Que as pálpebras latejem
E que a íris se expanda como um buraco negro
No momento delirante em que você adentrar meu foco.
É possível que haja tanta expansão
Que o seu mundo seja sugado pro meu universo
E que façamos um neo-Big-Bang,
Implodamos toda a história
E recomecemos já um nada a ver com tudo isso
Já estabelecido.
É possível que anjos visitem o momento,
Pra relatar num registro ou cantar celestiais
A ousadia dos Deuses e o Amor demiurgo.
É possível que façamos nova gente,
Iniciemos o paradigma de sentir a nova era,
Resetemos toda a ignorância soberba que atrasa toda a esfera.
E certamente atravessaremos o tempo
Desmontando todo o peso das largas horas estendidas no tapete de uma solidão do que já era.

Marcelo Asth

Poema: Múmia

MÚMIA


Vendo aquelas múmias carcomidas,
Fibrilando memórias em cascas de identidade,
Percebi que meu mundo é outro.
O mundo é agora,
Um que adentra o tempo vertiginoso, anos-luz,
Sem que dê tempo ao pensamento
(este é lentidão)
De perceber que estamos múmias carcomidas
No pó das constelações.

León Bloba