sexta-feira, 30 de março de 2012

Poema: Vínculo

VÍNCULO
Só se constrói o homem
sabendo-o feito de bicho,
pois bicho todos seremos,
de espécies variadas.
Atávico vínculo com o tempo,
das reminiscências da terra,
num encontro de primitivos,
somos a experiência do mundo.
Tudo escorre e é esboço,
enfumaçadas linhas de uma mão.

Marcelo Asth

quarta-feira, 28 de março de 2012

Poema: Seres

SERES


por seres, voando
por espaços 
astrais
pelos cantos do mundo
paz

ter olhos pra ver o 
escuro

ter

brilho pra ser 
sempre a mais
ter na luz 
tua estrela 
uma coisa de astro
de ser lua no fogo 
de sol
é calor que abrasa num bojo
e é amor que 

abraça no beijo de um sol
e é 
o sol que 
aspira em silêncio
a matéria escura

 que anda perdida
pra 

.....................................................................................................
...................................................
.................
............
..........
.

.
.
...
.

.
.
..
.
.
.
.,

;;.,;,;.;,

,,.
.,
.,,
,
,/
../
../
...
/
.

...../..
./

..
.
..
......../.....
//´[´[´~-[-[~´-[´-/´;;´-~~-´;~-´[-~´~´-´[~´--;´/;-´/;-/´--´´´-.;´-;-´-´-´/;-´/;-´/-´-´~
=
=
=
ooooooo
ooooooooooo
ooooooooooooooo
ooooooooooooooooo
ooooooooooooooooo
ooooooooooooo
oooooooo
ooooo
o
o
o
o
OOOOOO
OOOOOOOOO
OOOOOOOOOOOO
OOOOOOOOOOOOOOO
oOOOOOOOOOOOOOOO

____________________________________________________

Marcelo Asth
BLOBA

Bloba não faz poesia,
Bloba não sabe cantar,
Bloba ficou por fora, um tempo,
Bloba não sabe falar.

Bloba

Poema: Blo

BLO

A solidão é a sorte de estar
dentro da bolha do tempo.

Marcelo Asth

domingo, 25 de março de 2012

Poema: Sensação

SENSAÇÃO

Bubbles, Atelier Olschinsky 

Sensação de dever comprido.
Sensação de me ver comprado.
Sensação de devir cumprido.
Sensação.

Sensação de estar serrado.
Sensação de ser estardalho.
Sensação de restar, ser dado.
Sensação.

Sensação de sem ação.
Sensação de sem seção.
Sensação de sem sessão. 
Sensação.

Marcelo Asth

quinta-feira, 22 de março de 2012

Poema: Margens

MARGENS

vou correndo por suas margens,
desenhando teus contornos de rio,
por vezes metendo o pé onde não se pode andar.
vou saindo do Estige e
vou molhando o calcanhar nas águas,
no sangue da Hidra de Lerna,
molhando a canela, a coxa, a perna,
o tronco, as mãos que pendem como galhos secos,
os cotovelos que dobram no frio
como as esquinas do rio que vai ficando imenso,
caudaloso, e eu ficando cuidadoso pra não cair,
vou molhando os ombros, as axilas se tomam de água
e a ponta dos cabelos da nuca emergem
e aos poucos a água me toma boca, cobre narinas,
molha os olhos e me engole
para sempre.

León Bloba

Poema: Fiat Lux

FIAT LUX
(CANTO DEMIURGO 1)



"Fiat lux" - chamou o isqueiro.
A sombra se fez na fresta.
"Fiat lux" - tentou achar a luz
e afugentou a escuridão.

"Fiat lux" - se fez em festa.
"Fiat lux" - estampou a cor.
"Fiat lux" - é o que nos resta
antes de sumir o clarão.

"Fiat lux" - no centro do mundo.
Fiat é fogo que freme e é profundo.
Fia-te, linha, faísca no breu.
Fite a chama que emana do eu.

Marcelo Asth, Lucas Nascimento e Cíntia Luando

segunda-feira, 12 de março de 2012

Poema: Modamundo

MODAMUNDO



Do Oiapoqui a Paris
A moda dita,
O mundo adota,
 A roda diz:

/ Mude a /
/ Mídia em /
/ Made in /
/ Mede um /
/ Moda on /

/ Abra-se! /
/ Feche/ oui / quê? /
/ Fashion quem? /
/ Flash em quê? /
/ Flesh fresh! /

/ Se mete no métier /
/ Meat in the showcase /
/ Case com um italiano /
/ Bella mia /
/ Bulimia /
/ Náusea /
/ Now! /
/ Enjoy! /
/ Já enjoou… /
/ New! /

/ Bikinis from Brazil /
/ Bermudas from Bermudas /
/ Très très chic /
/ Parfum de ma boutique /
/ L'acqua di Fedore /
/ Um chiqueiro /
/ Brega e Chique /
/ Attack on the tacky /
/ Cartão, dinheiro ou cheque? /

Modamundo,
Modagigante,
Modaemoferta,
Liquidação:

/ Coleção Verão /
/ Quem não viu, não vestiu /
/ Toda a moda fecha /
/ Desfilando no passado... /
/ Summer Collection /
/ Somem com a old-fashion /
/ Remodela a loja /
/ Quero o estilo alheio /
/ Diet shake soja /
/ Off sale /

Marcelo Asth

segunda-feira, 5 de março de 2012

Poema: Guarida

GUARIDA



Sonhava os ruídos de sempre,
Marcando teu corpo em lençóis
E vinhas trotando em desejo,
Espetando o salto entre névoas.
Parecias possuída
Rindo tua imagem de fera,
Cavalgando em estado alfa
Tolos rastros de um delírio.
Processava tua imagem
Com ares de utopia
E galopavas pelas brechas
Onde deitava minha espera.
E enquanto eu me esquecia
Nas brenhas do instante onírico,
Fazias do sonho, guarida -
Tomavas de mim o meu mundo.

Marcelo Asth