quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Poema: Manchete

desenho de Santiago Caruso


MANCHETE

Assombroso televisivo
achincalha opressor o fato
e os ossos se tremem
no conforto do lar:

Milhões de globos oculares
assustam-se com a vida -
o globo gira.

Arregalam nas órbitas
surpresas fatigadas.

Alagou, caiu, derrubam,
matam, morre, removem,
milhões, perdeu, aconteceu,
desmatam, afundou,
nesta manhã, tarde, noite
eterna que acontece o mundo.

Boa noite.






Marcelo Asth

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Poema: O Tal

O TAL

Bate palma,
paga pau,
paga peito,
pega tudo 
o que for feito pelo tal.
Sente o tato,
pelo falo,
pelo fato
do status aumentar.
E é foda,
é uma roda -
quem está fora vai rodar.

Só porque não oro ao deus,
só porque eu sou ateu,
contra mim querer ser teu.
Entidade, puta, deusa,
suma celebridade,
supra sumo do nariz em pé
do meu país.

E tem gente que faz tudo
só pra ficar desnudo
e achar que é feliz.

Fernando Rublón 

Poema: Preguiça

PREGUIÇA

Preguiça é feita de cola - 
desfeita não aceitar 
um convite pra sonhar.
Pés presos,
rizoma de grama,
riso frouxo prum não esforço
de gargalhar.
Enguiça o corpo
se este pede pra esticar,
sem a vontade
da melancolia esvaziar.
Não choro para não manchar o rosto -
desgosto ver o olho desbotar.
Coragem age em quem perdeu a cola
e a preguiça não permite decolar.

León Bloba