sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Poema: Desgosto

DESGOSTO

Quando aprendi a ser invencível,
morri de desgosto.

Marcelo Asth

Poema: Janela

JANELA

A gente tem que aprender a forjar o deboche,
em fogo quente, pra espalhar brasa e queimar os circos.
Minha lona de celofane, a primeira a arder em noite estrelada.

Corro às ruas exibindo a minha feiura internalizada
e vomitando os gostos que ninguém quer.
A vespa irônica dos sentidos vai picar os insatisfeitos.

(se não quiser/puder seguir o conselho, melhor fechar as janelas).

Marcelo Asth

Poema: Esqueças

ESQUEÇAS

Faço votos de que sejas louco,
faço votos de que teu filho enlouqueça,
faço votos de que o mundo não permaneça,
faço votos: enlouqueci pensando ter o poder.

Esqueças.

Devoto a mim minha ausência,
faço de mim meus votos
e enlouqueço.
Enlouqueças.

León Bloba

Poema: Ficcional

FICCIONAL

De ficção, já basta a vida,
esta intempérie grossa
que leva lama às entranhas
e seca o barro nos olhos.
Onde se estirar, em qual dos dois campos?
- o real e o fantástico dançam a dança macabra.

De ficção, já basta o pensamento,
que nos engrossa o tempo de sentir,
que racionaliza os gostos, os ódios e as satisfações.
Fórmula para ser humano: todos obrigados a comprar.

De realidade, já basta o termo,
que tudo é dúvida e assim devemos nos portar
antes que a gente feche a ideia
de é que é possível sonhar.

Marcelo Asth

sábado, 22 de setembro de 2012

Poema: bipolarfeelings#

 bipolarfeelings#

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eu.

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eu.










asth

domingo, 16 de setembro de 2012

Poema: Sobrado

SOBRADO

Sobra e sobe a construção
de esqueletos esquisitos,
erguidos esguios,
perfilados e sombrios.
Esta rua de arruinados casarios -
antes aprumados do requinte de outro Rio.

O tempo passou nesta rua,
abanando o seu leque empoeirado.
A sobra - sempre acima dos sobrados,
edifica-se à sombra do passado.

Esta rua de sobrados adornados, 
conta mais de cem janelas
que se abriam para ela...
o tempo foi fechando as fenestras
e as aldravas trazem um aspecto abandonado.

Pela rua andam espectros cansados
e os gradeados tem desenho enferrujado.
Sobra e resta um edifício assobradado
onde escorrem os minutos no telhado.

Marcelo Asth

Poema: Meia hora

MEIA HORA

Vem cá tingir a meia hora escura!
Me vá embora só depois da hora!
Me envolva certo enquanto houver fartura!
Fratura o peito pra salvar o agora
e me devora como adoração,
adora e pulsa como coração,
me cora a face, tinge a escuridão!
Vem cá tingir a meia hora escura!

Marcelo Asth

Poema: Com

COM


Fazer um inferno com fogo de vela,
fazer um inverno com pedra de gelo,
fazer um outono com a folha amarela,
fazer primavera com notas de cheiro.

Fazer copo d'água em tempestade
e beber.
Ousar - corpo mole em terremoto -
e dançar.
Fazer do coração as tripas
e amar.

Fazer amor como quem faz guerra,
com sangue.
Fazer paz como quem faz trégua,
com sangue.
Fazer pulsar onde no peito está escondido,
exangue.

Marcelo Asth  

domingo, 2 de setembro de 2012

Poema: Impermeável

IMPERMEÁVEL

Eu sou aquele que passa:
sorriso na testa -
impermeabilidade.
Que todo futuro da semente
é raiz.
Passo.
Fico.
Mas sou longe e feliz.

Marcelo Asth