terça-feira, 30 de outubro de 2012

Etéreas

Tudo escuro na mata densa,
Na meia noite que a lua guarda.
Perco no espaço
Meu alumbramento...
Dentro de mim é só fumaça e sonho.

Em algum lugar, um índio é morto.
Ainda estamos em 1500.

Todo furacão lembra ao homem
Que ele é o homem.


terça-feira, 23 de outubro de 2012

Poema: Dodói

DODÓI


Medo dói.
Dói-me de modo
que domo o medo.

Dói, Dio mio... dói!
Medo do Demo!
Domado em redoma,
dodói de medo.
Tremo.

#

Dedo na ferida,
feri no dano
do medo,
ri da fera
querida
que ria
irada
mais 
cedo.

Quem fere por último,
feri melhor.


Farine da Silva

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Poema: Nódoa

NÓDOA

Olha, que a tristeza incomoda...
como dá em dias de alegria,
de repente cola como nódoa.
Nó da dor,
todo em melancolia,
me engolia farto de outrora.
Chora meu momento, poesia.

Ia ser feliz, mudei de assunto.
Vou romper a aurora só se estiver junto.
Vou morrer de tédio até o final do dia,
se não receber o seu sorriso ameno.
Olha, que a tristeza incomoda...
muda tudo com um sorriso,
ao menos.

León Bloba

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Poema: Parafundar

PARAFUNDAR

afundar para findar
para fundar para
afundar para findar
para fundar para
afundar 
para dar a fundo
para o fim de dar

Marcelo Asth

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Poema: Marginal

MARGINAL

Irreconhecível quando se levanta,
anda pelos ares como hamadríade,
ama pelos cantos cada ser vivente,
sente cada tombo da humanidade,
arde de calor, pois quando se defende,
frio como gelo, pois quando se ataca.

Seja marginal quando se está no meio,
reconheça o veio da existência rara
para ser heroico enquanto se desbrava
as camadas densas de um ser meu e alheio.

Quando a palavra não cabe na boca,
seja a ação que aqui te desmorona,
faça algo certo, mude seu anseio, 
busque a luz interna e sê feliz inteiro. 

Seja, seja
a cereja desse bolo todo.
Deixa, mexa
toda a queixa de viver no lodo.  
Veja, veja
a peleja do seu próprio instante.
Aja, almeja
e levanta pra seguir adiante.



Marcelo Asth