sábado, 14 de maio de 2011

Poema: Naufrágio

NAUFRÁGIO


Da forma lenta
que você me vê -
da mesma forma
que o sargaço me engole -
tenho três olhos,
duas bocas, solidão
e um pulmão
que pouco ar
talvez console.
Da forma pura
que me empurra
os teus sinais
é que segura
o teu jogo,
vai e vem.
Sou o teu barco
à deriva,
solto derivando
em teu desdém.
Tantos naufrágios
vêm águas elucidar.
Das formas breves
que me levam a afogar.
Este sinistro abraço
quebra os silêncios
e vai quebrando os cascos
de embarcações.
Todo o devir
que acaba a vir
me revirando,
é um sufrágio
em águas tortas,
mornas, mansas,
teu remanso de monções.

León

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