FLORESTA
a floresta uiva em mim com todos os medos
e percorro trilhas falsas de um curupira astuto
as flores me salpicam dos poros como erros retomados
e essa baba de seiva grossa me escorre da boca
com um gosto indecifrável de madeira deliciosa
carnaúba, copaíba, jatobá, ibira, pau duro que brota
atraindo as abelhas profusas que me ardem em mel morno
sou essa salamandra da madrugada
nata que não entende nada da mata
corisca e probante do imenso nada
toda a folhagem é o medo uivando em sede
tudo o que trila na calada soturna
treme o interior num gozo ansioso e sereno
tudo o que trila na calada soturna
treme o interior num gozo ansioso e sereno
se existisse alegria no mundo
espocaria de tanto delírio preso.
Marcelo Asth
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