quarta-feira, 17 de abril de 2013

Poema: Movediça

MOVEDIÇA

Tudo quebradiço na frieza frágil.
Tudo é cansaço, areia movediça.
Nada é inteiro, falta um pedaço.
Laço que desfaz porque é de seda a fita.
Abraço que não traz porque a vida é seca.
Talha o solo ao sol porque a terra racha.
Acha que é porque a vida sempre é cedo.
Medo que desarma a alma surda, aflita.
Flauta que não canta porque sofre de asma.
Pasma quando vê que todo dia acaba.
Mágoa que derrete todo instante ameno.
Peno de saber que dia desses morro.
Corro até de mim, pois que, senão, me engulo.
Pulo do abismo, pois que, senão, eu vôo.

Gregório Binder




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