QUERO
Quero de Lorca, seu
gris,
A melancolia de
Clarice,
De Quintana, sua
velhice,
De Vinícius, o amar
feliz.
Quero a delicadeza da
flor
Que é bela, mas me
espanca
Com sua poesia.
Quero um mar de
palavras
E eu, sendo ilha,
Brincarei nas ondas
dos versos
Como fazia Cecília.
Escreverei minha
tragédia,
Transcreverei o meu
fardo
Com os arabescos das
letras
Da pena do Bardo.
Quero a canção para o
filho do rei
Que a aia de Quintana
cantou à noite.
De Castro Alves,
quero o açoite,
Que é seu grito pra
liberdade.
Quero saber toda a
verdade!
Quero cantar a
primavera!
Quero os vermes de
Brás Cubas
No enterro de minha
última quimera.
As idéias novas de
Arnaldo Antunes ou Melamed:
Eu quero! Eu quero!
Eu quero!
Mas eu não sei a quem
se pede.
Quero as pessoas de
dentro de Pessoa,
Cada uma com um
jeito.
Quero todo o amor do
peito
De todos os versos
que ouvimos,
Toda a dureza que
lemos
Em Lara de Lemos.
Ouvir estrelas com
Bilac,
Ter a esperança de
Drummond,
De Gullar, o ataque
E rimar o que é bom.
Estarei sempre
querendo,
Querendo atingir
minha meta
E talvez com tudo
isso,
Um dia me torne um
poeta.
Marcelo Asth
(2004)
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