DIONISÍACAS
Os tragôidos vão arrombar o mito!
Dite os rombos da estrutura
pro poeta costurar.
E os deuses confirmam o escrito,
arranjando a tessitura
pro ator se mascarar.
O coro vai comer o protagonista...
onde o bode amarrou o poeta?
Dionísio vai sacrificar o artista
embebedado em ritual de festa.
Vida de duplicidade,
destino ambíguo, hermético:
O Oráculo de Delfos invade
o vitelino umbigo de Édipo.
Tirésias diz que esse finge,
que tudo sabe mas que é cego...
que fez acordo com a Esfinge
pra tornar-se o seu corego.
Debate de duplos na orquestra:
trabalhando seus discursos,
Édipo e Clitemnestra
preparam-se para os Concursos.
Discutem projetos de leis
que têm diferente fonte:
A dos deuses ou a dos reis?
Respondem Antígona e Creonte...
Da dita para a desdita,
no decorrer da trama
do dito pelo não dito,
comenta de forma aflita
o coro que assiste ao drama -
mesmo o que já foi predito.
Tragédias à parte,
comédias à tarde...
Dionísio só faz arte
com aquele que com ele arde.
Prepara-se o corpo corálico
cantando que falo em orgia.
Derrama-se nos cantos fálicos
antes da tetralogia.
Marcelo Asth