DIONISÍACAS
Os tragôidos vão arrombar o mito!
Dite os rombos da estrutura
pro poeta costurar.
E os deuses confirmam o escrito,
arranjando a tessitura
pro ator se mascarar.
O coro vai comer o protagonista...
onde o bode amarrou o poeta?
Dionísio vai sacrificar o artista
embebedado em ritual de festa.
Vida de duplicidade,
destino ambíguo, hermético:
O Oráculo de Delfos invade
o vitelino umbigo de Édipo.
Tirésias diz que esse finge,
que tudo sabe mas que é cego...
que fez acordo com a Esfinge
pra tornar-se o seu corego.
Debate de duplos na orquestra:
trabalhando seus discursos,
Édipo e Clitemnestra
preparam-se para os Concursos.
Discutem projetos de leis
que têm diferente fonte:
A dos deuses ou a dos reis?
Respondem Antígona e Creonte...
Da dita para a desdita,
no decorrer da trama
do dito pelo não dito,
comenta de forma aflita
o coro que assiste ao drama -
mesmo o que já foi predito.
Tragédias à parte,
comédias à tarde...
Dionísio só faz arte
com aquele que com ele arde.
Prepara-se o corpo corálico
cantando que falo em orgia.
Derrama-se nos cantos fálicos
antes da tetralogia.
Marcelo Asth
Réminiscence d'une fable existentialiste
ResponderExcluirSe leio o absurdo da voz que me devora
Se saio aos rodopios praguejando meus pares
Jogo-me no cancro ferrugem em feridas em brasa
Se olho o tempo voltando do nada
Despedaçando meu destino confinado
Calado nervoso me disperso
E na escuridão do abismo me choco
Impassível às avessas abestalhado cansado insípido
E no nada me refaço já que a ruína já foi um palácio
Nenhuma gravidade nos fatos
Cotidiano suspenso no espaço
Mas tudo fica sólido onde passo
Com pés pesados atados às ervas malditas
Soslaio mirando o funil das larvas trementes
Maltrapilho indigente deslizado presente
Aos zincos perambulo na noite infame
Mandrágoras sussurram meu nome
Turbinado clarão de espasmo movediço
Marejado sofrer eterno cambalear na beirada do caos
Cripta da saudade degela as epidermes necrosadas da alma
Decrepitudes bestiais inflamam as galeras no arraial
Silêncio agora lá no ermo do espaço
Desdobrado decadente esticado no varal das miríades
Esse trunfo salutar e também atado em chaga enferma
Prostrado arcado e desfolhado a míngua nas paineiras
Vertiginoso destino arremessa-me á tambores tachibanas
Aos gritos abissais emergido as crateras do acaso
Ass: Λάδι Βιώσας