domingo, 26 de setembro de 2010

Poema: Baú - Marcelo Asth


BAÚ

Guardei no baú teus poemas,
Pequenas letrinhas e esquemas -
Meus planos falíveis de me entregar.

E algumas pétalas de rosa -
da que eu colhi outro dia -
que boba amarelecia 
aguardando esperançosa. 

Assim eu criei teoremas
E meteoros que não são mais problemas...
Aturdem o meu solo, rompem meu sentido,
Esmagam o meu peito enfraquecido.

Pode ser sincero assim,
Dizer o que incomoda em mim.

Diz que pula do meu trampolim
Pra rir dentro da memória em festa.

Você vem com sua mecha
Pra estancar minha lacuna.
Refrear águas que fecha 
Em minha desfortuna.

Segura a onda
E solta onde?
Pra onde vai o eco
Que a mim se responde?
Onde?

Mas eu quero é um torpor de paz,
Um filme mudo, dois vendo.
Carinho hipnótico no solstício de verão.

Amor de nós, amor de mais,
Um choque e tudo envolvendo.
Caminho apoteótico de início de paixão.

Tanta coisa pra dizer...
Guardar no baú meus poemas,
Extratos, estratagemas,
Resultados dos problemas...

Então vamos nos querendo assim,
Num outro plano, extracorpóreo,
Extraterrestre da terra do outro.
Solto, solto, arbóreo jardim.

Sem medo de te falar o que quero,
Do jeito que consigo,
Na hora em que eu espero.
Segue. Te sigo. Te quero.

Deixa essa onda -
Responde meu eco -
E guarda no peito comigo.

Alumbramento.

Não há espaço.
Tira o cansaço e o choro pra dentro.
Agora enche o vazio
Com teu mar de encantamento.
E com meu rio.


Marcelo Asth

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