sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Poema? Dramaturgia urge - de Marcelo Asth


Dramaturgia urge
Atávico

Eu queria preencher-me de mistérios e lacunas pra possibilitar descobertas. Eu tenho vontades ancestrais. Queria falar-te em mais línguas, todas frementes de ansiedade e espera. Sou o acaso da constituição em andamento. Quero estar em mim, estar em ti a todo o momento. Viro palavra pra que caiba em tua boca, na pronúncia quente do silabar que se lambe com letras e se lambuza em meu entendimento. Trago dores dentro de mim que são comuns a todos, mas que sempre me parecem ser apenas minhas. Minhas dores. Mas também sou um açude de paixões submersas. Secretas. Expostas. Profundas. Rasas. Bestas. Abissais. Ando pela calçada e me encostam ímpetos nos pensamentos. Vontade de passar a mão lentamente no rosto de um desconhecido. Às vezes um sol ilumina uma pessoa e você quer ser um pouco de sol. Simples.
Tenho tendência aos sonhos com águas desvairadas, ondas escuras e de volume espantoso. E se desperto no susto de uma realidade cortante, entendo que esse mar é dentro de mim, é um espírito liquefeito de aspirações, turbulências, sutilezas e desejo dos momentos. Não há definições de um. Não há modos de ainda. Há procuras de soluções. Mas sou todo perguntas. Eu, por exemplo, venho constituído de fogo e água. Vezes me evaporo, vezes me apago. Nisso sou reticências... mas sou o encontro de possibilidades. Eu tenho vontades ancestrais. Atávicas. Eu queria escrever-te versos ensolarados que me mascarassem de volúpia. Mas dou-me assim, desnudo e faceiro, pra que não me defina. Pra que seja definido.

Marcelo Asth



Ontem fui deitar cedo e o envelope da noite me chegou rapidamente. Achei interessante não vir um poema. Ou será que é? Bom, prefiro chamar de texto. Então é possível não quebrar linhas. Você não precisa de rimas. Mais uma possibilidade de comunicação entre a gente. Eu gosto bastante dessa coisa nova que veio. Eu não vou mais pedir que se comunique comigo. Fico sempre num estímulo de entender os mistérios com simplicidade. O que temos, é poderoso. Mas se puder, escreve alguma coisinha-mesmo-que-pouca pra ratificar tua existência e consciência de que você vem até a mim todo dia, presente em verso.

Quanto à foto, noto que elas não estão mais tão manipuladas. Quem ou o quê que as faz? Você?
Fiquei olhando essa e pensando no que é sonho. Não sou muito de sonhos. Mas acho bonito preencher. 

Bloba. 

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