segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Poema: Vazão - de Marcelo Asth


VAZÃO

Pois tem que ter,
Pra ser perfeito,
Uma distância do perfeito.
Ter como eu três peitos,
Sete vidas, sete chaves,
Um só coração.
Um zelo que condena o jeito,
Um cabelo que convida a mão.

Convida à vida a ação;
Amor nada modesto
No protesto da manifestação.

Pois deve haver,
Pra ser perfeito,
Uma urgência do sujeito.
Não ser como eu, ser de outro jeito.
Não despedida ou entrave. 
Uma só devoção.
Um desvelo mais que suspeito,
Modelo de esmero – espero –
E sublime paixão.

Sublinhe minha intenção
De voz e gesto
E a todo o resto me dá vazão.


Marcelo Asth



Marcelo, quando comecei a postar seus poemas, sem entender o que acontecia direito, parecia que eu lia algo muito próximo a mim. Vieram momentos de muita loucura, tentando responder de que forma chegavam aqui em casa. Quem era você? Agora te conheço. Hoje percebo como passei por tudo isso, por tantos sustos sob a porta e o quanto esse mistério é insignificante. Receber estes poemas é rotina, uma explosão.

Pra que entender o que na vida é bom?

Vejo por estes últimos poemas que você está em suspensão. Alumbramento? Imagino tua trajetória, o que você faz, o que vive e como depois escreve. 

Tenho sonhado constantemente com León, meu irmão que dormia na cama de cima. No penúltimo sonho ele gritava o seu nome, Marcelo. Eu gelei ao acordar. Mas esse mistério também é insignificante. Pra que respostas? 

Fico pensando em loucura. Mas se é algo que me tem feito bem, faz refletir...

Os poemas que começaram a chegar no mês de setembro (por debaixo da porta, como sempre), vieram em envelopes de cores diferentes. Achei engraçado. Também as letras mudaram de fonte e os papéis de textura. As fotos vêm muito perfumadas. Por que essa renovação?

Bloba. 

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