Pantanal
Por favor, chora teus rios,
Que o acúmulo de mágoa
Água o espírito.
Vejo grandes pantanais
Nas lágrimas de crocodilo.
Imensas cobras corais
Suam frio.
Charco inundado que aguarda
Faz solar com a clarabóia
Do vitral da gota aguada
Das retinas de jibóia.
O raio esquenta a pedra,
Faz a água levitar mais.
O sol sobre os gélidos bichos
Dos teus canais lacrimais.
Fechadas em duros cascos,
Frascos, clausuras morais,
Escorrem as tartarugas
Nas rugas que o solo faz.
Inundam teu chão carcomido
Carregado de sinais,
Rachados e escondidos
Erros-répteis-animais.
Saem, caem pelos cantos,
Se lambendo, silabando,
Mordiscando com nervoso
Os pingos do parado pranto.
Aos poucos agarra o limo
Nas paredes dos umbrais.
Teus olhos quentes barreiam
Lagos alagados de ais.
Lagartixas e salamandras
Largam na água suas rixas
Pra emanar o teu mantra
Contra emoções tão prolixas.
Natureza preza paz
Sibilando na frieza
Sonhando com as aquilégias
Em tuas nubladas veias
Que lançam vitórias-régias
Com o jorrar das cachoeiras.
No susto o açude seca
Na paisagem de savana estépica.
O espírito inspira sol
Na salobra poça tépida.
Rios, vazantes, corixos,
Desígnios de um atalho molhado,
Somem na seca com os bichos
Num coração entocado.
Marcelo Asth
Pantanal. Umidade. Veio esse poema anteontem, mas posto hoje. Não foi nenhuma resposta ao que eu postei da última vez, mas gostei de nadar nos corixos. Me senti uma cobra d'água brasileira.
Quando puder, responda. Enquanto não puder, continue escrevendo poesia. Que sempre leio daqui.
Escrevi um poema e escondi junto aos teus. Será que ele chegou aí?
Começo a duvidar de mim.
Bloba.
Nenhum comentário:
Postar um comentário