sábado, 9 de outubro de 2010

Poema: Catódico


CATÓDICO

Antanho
Outono castanho
Estranho antes de ti
Agora pastor e rebanho
De si, de dois
Juntando-se no banho
Espuma e jato médio
tépido arrepio
O raio catódico
Da televisão
Convulsiona o tédio
Mas gozo alegria
Planejando invasões
Invenção dos seus ventos 
Turbulento de euforia
Sou uma cabeça que pulsa
Pensante eterna do teu enigma
Quico constância no teu horizonte
Parece sexo a minha dança
Carece rima a minha folia
Bebe da fonte dos bêbados românticos
Completa aqui embaixo a frase
O que quero é ___________
Na mais alta ____________
Precisando que ______________
Sejam mortas ____________
Sobrepujo _________ de mar,
de cantoria ___________
____________ pra não conceber
A _________ da filosofia
Porque amo me ______
Pra amar-te em ___________
Pois planejo invasões
E jorro _______ e alegria
De beijar o teu ___________
Na espera da tua _________



Marcelo Azevedo



Marcelo, que é também Azevedo, não consegui completar as lacunas. Sou especialista em não conseguir. Eu vou te dizer que pela primeira vez venho reclamar dos teus poemas. Não pelo que escreve, mas pela quantidade de cartas. Viraram um capacho interno do meu quarto. A cama de cima do beliche vai estourar. Os envelopes levantam o volume. Estou postando o que posso, tenho me dedicado a isso. Não tenho nada pra fazer, além de pensar e ficar numa estranheza espetacular. Aí pego teus originais (será que são?) e passo pro computador, junto às fotos. Ontem recebi 34 poemas em envelopes de cores sortidas e grossa gramatura. Um cheiro em cada poema. 

Comecei a ir a um médico especialista que podia me ajudar a entender algumas coisas da minha vida e mente, mas eu senti que ele riu da minha loucura. Parece ser sério demais receber teus poemas por debaixo da minha porta, sem chance de truques. O que eu posso fazer? Palavras se infiltram.

O especialista me disse: enfrente seus medos. Aí então, sem muita abertura, mas seguindo o conselho, enfrento você, Marcelo: 

vá consumir alegria.

Bloba 

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