terça-feira, 26 de outubro de 2010

Poema: Farra

FARRA

Uma farra de vento
Transformando a duna,
Levantando a areia,
Assobiando lento.

No meu mar de nova espuma,
Lanço a missiva na garrafa.
Uma farra de letras,
Sentidos outros
Que só o vento sabe -
ele me viu escrever
no que meu navio emergia do naufrágio...

Conduz.
Eu vento.
Que só vendo. 

Farra.
Ele a fará no mar, no céu, no elo.
Ele esbarrará nas curvas do seu cabelo
e distribuirá mensagem, refrão em ritornelo
Por correntes quentes ou dessas de gelo.

Engarrafo um pouco de vento
Que gere redemoinhos
Pra centrifugar palavra e duna 
Em oceanos vazios...

Farra de forasteiro,
Expande transatlântico.
Vai à forra de tanto ventar,
Com lastro num rastro semântico,
Romântico a varrer o mar.


Na via aquosa
Alastra-se em mastro e vela.
Navio em prosa. 
O céu estrela.


Farreia lambendo a areia
E espanca a espuma
Nesse tão seu paraíso,
Borbulhando minhas palavras, 
Uma a uma,
Frugais de riso.


Marcelo Azth

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