FARRA
Uma farra de vento
Transformando a duna,
Levantando a areia,
Assobiando lento.
No meu mar de nova espuma,
Lanço a missiva na garrafa.
Uma farra de letras,
Sentidos outros
Que só o vento sabe -
ele me viu escrever
ele me viu escrever
no que meu navio emergia do naufrágio...
Conduz.
Eu vento.
Que só vendo.
Farra.
Ele a fará no mar, no céu, no elo.
Ele esbarrará nas curvas do seu cabelo
e distribuirá mensagem, refrão em ritornelo
Por correntes quentes ou dessas de gelo.
Engarrafo um pouco de vento
Que gere redemoinhos
Pra centrifugar palavra e duna
Em oceanos vazios...
Em oceanos vazios...
Farra de forasteiro,
Expande transatlântico.
Expande transatlântico.
Vai à forra de tanto ventar,
Com lastro num rastro semântico,
Romântico a varrer o mar.
Na via aquosa
Alastra-se em mastro e vela.
Navio em prosa.
O céu estrela.
Farreia lambendo a areia
Na via aquosa
Alastra-se em mastro e vela.
Navio em prosa.
O céu estrela.
Farreia lambendo a areia
E espanca a espuma
Nesse tão seu paraíso,
Borbulhando minhas palavras,
Uma a uma,
Uma a uma,
Frugais de riso.
Marcelo Azth
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