quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Poema: Espiral

ESPIRAL

Perdi o valor do silêncio
pra murmurar minhas palavras tristes,
pois de som me consome
a significância de esperar ser.
Espiralar-me numa construção verticalizada,
tentando subir, subir, tentar respirar o céu.
Uma escada caracol me enrola o sentido.
Abalaustro-me no sossego de uma fraqueza que desiste.
Voluta de um capitel jônico,
estrutura de palavras de banzo não medido.
Não sei o que se passa em mim
mas passarei por mim
e identificarei na volúpia de me ver sozinho.
Estou subindo dando voltas,
indo do adro pro campanário ouvir os sinos.
Alço-me, levo-me pro alto, pé após passo.
E se chegar ao céu, ficarei por ali,
numa nuvem gris de chuva
esperando eu cair granizo.


Marcelo Asth

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