sábado, 16 de julho de 2011

Lembrança de León - desabafo

Meu irmão León mandou-me este poema sertanejo, parecido com cordel - abaixo postado. Ele, antes de sua morte, passou uns tempos por lá, torrando a pele no sol e passando necessidade. Ameaçaram ele de morte, mas ela veio por conta própria, sem dar ouvido à ameaça. Ele nunca tinha me falado sobre sua viagem ao nordeste do Brasil, mas agora, ao receber esse poema, deu pra sentir um pouco o que ele retrata. Talvez ele tenha outros sobre essa experiência. Espero que León esteja me contando tudo o que não me contou em vida. Gosto de decifrá-lo e, através dos poemas, eu consigo estabelecer uma proximidade maior com meu irmão.
León, poeta morto, irmão misterioso, guardo este e os outros seus (e de todos os que me aparecem do nada) no beliche em que dormias.

Será que é você, León, que traz os poemas dos outros poetas até a mim? Sei de Marcelo, que é vivo (não quero contato com ele, tenho minhas razões) e dos outros (mais esporádicos - ver no blog) que não sei se já se foram. Mas o fato de você escolher certas letras de certos alguéns quer me dizer algo que é grandioso. Fico aqui tentando decifrar o teu mistério.

Você, León, não é só lembrança. É uma saudade que se faz febril, pois eu fico inventando memórias (que às vezes duvido se são reais ou projeções) de quando éramos irmãos. Talvez só hoje eu perceba sua grandiosidade. Coisa de estrela que pisca.

Você me mostra que a vida é breve, mas que mesmo depois dela, a poesia continua chegando.

Eu durmo aqui na cama de baixo, recebendo poemas, com medo, com ansiedade, com raiva, com alegria... depende muito do meu dia.

Não me sinto capaz de revelar os teus enigmas. Mesmo assim, em meio a tanta loucura, sinto-me com mais lucidez por entender que o mundo não é coisa pra ser entendida.

Com saudade e lembrança,
Bloba 

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