AUTO-COMBUSTÃO
Eu me possuo vermelho
Tanta tirania
Meu coração dispara
Tiro à queima-roupa
Mas tudo queima
Meia veia teima
E não me poupa
Eu me torturo centelha
Presa no paiol
A plantação toda em volta
Se revolta em jogo
Mas nada aquece
Esquece, cresce, tece
Ateia o fogo
Eu me explodo aparelho
De frouxo botão
Um homem-bomba-brinquedo
Feito estupidez
Que se escangalha
Calha, tralha, falha
Em sua nudez
Eu me provoco espelho
Auto-combustão
Que minha boca incendeia
Como punição
Mas tudo pulsa
fuça, avulsa, expulsa
vira carvão.
Marcelo Asth
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