terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Poema: Fôlego

FÔLEGO


A minha casa o vento levou,
varrendo tábuas de desilusão.
Portas, janelas, gostando do voo,
despedaçando em contato com o chão. 

As maçanetas rodam sem abrir.
Os basculantes parecem-me aves.
Parafusetas podem colidir.
As fechaduras duras com as chaves.

Tantos tijolos em mil direções.
Tacos do piso querendo ser céu.
Torneiras abertas em borbotões.
Tapete voador como pipa de papel.

A casa saiu se ventando
espalhando a biblioteca.
Os eletrodomésticos rodopiando e
o piano batendo na mesma tecla.

Aquele lobo que ventou a mansão
morreu sem fôlego de tanto assoprar.
Minha casa foi ganhando amplidão,
distribuindo-se nas correntes de ar.

Marcelo Asth  

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