FÔLEGO
A minha casa o vento levou,
A minha casa o vento levou,
varrendo tábuas de desilusão.
Portas, janelas, gostando do voo,
despedaçando em contato com o chão.
As maçanetas rodam sem abrir.
Os basculantes parecem-me aves.
Parafusetas podem colidir.
As fechaduras duras com as chaves.
Tantos tijolos em mil direções.
Tacos do piso querendo ser céu.
Torneiras abertas em borbotões.
Tapete voador como pipa de papel.
A casa saiu se ventando
espalhando a biblioteca.
Os eletrodomésticos rodopiando e
o piano batendo na mesma tecla.
Aquele lobo que ventou a mansão
morreu sem fôlego de tanto assoprar.
Minha casa foi ganhando amplidão,
distribuindo-se nas correntes de ar.
Marcelo Asth
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