CALEIDOSCÓPIO
Este atrito de tempos
onde possuo buscas
e nada se atém...
Estou em cima da hora -
daqui melhor vejo tudo:
– O delírio deste mundo
é parar por um instante.
Líquida modernidade,
escorre fluida entre dedos.
Agarro meu vácuo
e vago vazio -
meu medo.
Inócuo vagueio.
Passeio por tantos;
muitos outros sendo.
Ao que reflito,
a mim me divido:
tonteio de caleidoscópio.
Meu ser se quer solidez,
mas tudo me corta
e devoro tudo -
Identidade antropófaga:
me centrifugo.
Há tanta coisa no mundo
que não mais me escolho.
Sabendo-me solidão,
solidariamente me dôo -
desejo de cingir laços
e outros vestígios frouxos...
Há tanto mundo nas coisas
que, por hora, me encolho.
Escorro.
Minha aura imanente,
porosa me deixa passar.
Fragmento minha essência:
Quando só, nunca aconchego.
Em companhia da ausência
rumino meu desassossego.
Marcelo Asth
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