terça-feira, 30 de agosto de 2011

Poema: Caleidoscópio


CALEIDOSCÓPIO



Este atrito de tempos
onde possuo buscas
e nada se atém...

Estou em cima da hora -
daqui melhor vejo tudo:
– O delírio deste mundo
é parar por um instante.

Líquida modernidade,
escorre fluida entre dedos.

Agarro meu vácuo
e vago vazio -
meu medo.
Inócuo vagueio.

Passeio por tantos;
muitos outros sendo.
Ao que reflito,
a mim me divido:
tonteio de caleidoscópio.

Meu ser se quer solidez,
mas tudo me corta
e devoro tudo -
Identidade antropófaga:
me centrifugo.

Há tanta coisa no mundo
que não mais me escolho.

Sabendo-me solidão,
solidariamente me dôo -
desejo de cingir laços
e outros vestígios frouxos...

Há tanto mundo nas coisas
que, por hora, me encolho.

Escorro.

Minha aura imanente,
porosa me deixa passar.
Fragmento minha essência:
Quando só, nunca aconchego.

Em companhia da ausência
rumino meu desassossego.

Marcelo Asth

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