sábado, 20 de agosto de 2011

Poema: Soma


SOMA

Nosso amor tem brilho –
Deste que trazem os grandes astros.
Amo, pois que, ao senti-lo,
Quando a dois, somente cintilo.
E me basto.

E pensar: amar a um, sendo dois.
Ou então: amar a dois, sendo um.
Que conto fator em comum
Em evidência, agora e depois...

Que somos sonho, soma, alma,
Amálgama, riso, rizoma,
Redoma, gozo e calma –
Carinho ímpar de um par.

Quando um abraço nos toma,
Em laços e em nós nos afaga,
O encontro é o que interessa
Pra téssera complementar.

Fico surpreso enquanto
Preso em seu braço,
Pois não tem preço
O seu abraço que eu prezo.
Um meio, um quarto, um terço,
Inteiro parece que rezo
Quando em você me reparto.

Seu sussurro, trinta decibéis...
Férteis de poesia.
No escuro oram-me fiéis
E o poço do ouvido arrepia –
Se eu criasse amor nos poros,
Suaria.

E se o suor na pele é sal
E sede continua tendo,
Se brasa quando junta ao fogo,
Quente continua sendo,
Se água pinga no rio
E o corixo ainda escorrendo,
Eu em você somos brilho,
Corisco nos astros crescendo...

Eu durmo sob o dossel
De seus cachos negros,
Querendo suas noites a mais.
Do céu tudo é segredo:
Gigantes siderais espelhos,
Testemunhas de sinais.
Que somos soma, carne e unha,
Pêlo, apelo, aperto e paz...

Marcelo Asth

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