sábado, 20 de agosto de 2011

Poema: Enigma

ENIGMA



Nos roscofes, que a hora bata
Uma dúzia das badaladas!
Em série, os nefelibatas
Largam pistas pelo solo...
Avantesmas obumbrados
Pelo fog à meia-noite
Visitam o vetusto parque
A deleitar-se em convescotes.
Evadem prestos, tão céleres
Das catacumbas de homizio,
Que abrolham aragem em fúria
Na pressa de suas vertigens.

Favônios sopros de Zéfiro
Fugidios em vigília,
                          Caçoam dos que não sabem,                          
Abafados no significado.
Espectros desbotados
Com suas íris rubicundas
Estão vagando obtusos
Em rastros de malacachetas.

Vê-se tão nítida
A arruaça deste bando,
Que os patuscos, vez em quando,
Assombram com fogo-fátuo
As vítimas que, pelas fenestras,
Miram a rua e secam em insônia.

Ruando recônditos
Em festas nefastas,
Assombram ventando
E cantando nas frestas.
Se manifestam nesta forma
Se infestando deste modo,
Imbuídos de frêmito
E embebidos de espasmos.

Os encontros dos fantasmas
São meras balbúrdias frugais,
São puras reminiscências
De outros tempos atrás.
Soltos sem refreamento
Vagam donos do recinto,
Ignoram acolhimento
Zombando nada sucintos.

São rapazolas perdidos,
Insanos no éter do tempo,
Fedendo ao mofo dos séculos,
Cometendo sons fatídicos
Em místicos mistifórios,
Antes mesmo do dilúculo,
Em ridículos ruídos fluídicos.

Tombai as tumbas por hora –
Seus nomes não dão pra bispar!
Soturnos em pânria e porre;
Nuviosos vapores de ar.
São mitigados dos livros,
Mastigados pelas traças
Dos registros desta urbe
Perturbada de arruaças.

E ao pó por regressarem,
Os alfarrábios volumosos
São arcanos tão despidos
Que enfadam estudiosos.
As esfinges exploradas
Patenteiam-se maiores.
As cascas que as eras soltam
Já eram nos arredores...

Proliferam em demasia
Em gabolice farreada,
Falando as línguas mortas -
E ninguém entende nada.
Usando as palavras prolixas,
Pedantes almas penadas
Usavam, assim, bem antes,
Palavras já desusadas.

O enigma está tácito.
Taciturnos devem olhar
Para além dos dicionários
E com táticas decifrar.
O verbo virou esbórnia.
Falta apenas desvendar-se
E vender a onírica passagem
Desta cancha tão sombria.

Nos campos dos cemitérios,
Quem anda por lá levita
Acima do deletério
Das fumaças das ruínas.
Por isso é que não tropeçam
Nos mistérios das latrinas,
Que fétidas servem de catre
Quando alastra a matina.

Logo brota o sol e desponta
Os raios que o silêncio evoca.
Cessam a algazarra por hora,
Retornando às suas sombras.
Dormem esporos na alfombra
Despedindo-se no escombro...
Se cobrem pasmos de assombro
Quando estoura a aurora.

Salatiel Brüm

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