domingo, 29 de agosto de 2010

Poema: Pantanal - de Marcelo Asth


Pantanal

Por favor, chora teus rios,
Que o acúmulo de mágoa
Água o espírito.

Vejo grandes pantanais
Nas lágrimas de crocodilo.
Imensas cobras corais
Suam frio.

Charco inundado que aguarda
Faz solar com a clarabóia
Do vitral da gota aguada
Das retinas de jibóia.

O raio esquenta a pedra,
Faz a água levitar mais.
O sol sobre os gélidos bichos
Dos teus canais lacrimais.

Fechadas em duros cascos,
Frascos, clausuras morais,
Escorrem as tartarugas
Nas rugas que o solo faz.

Inundam teu chão carcomido
Carregado de sinais,
Rachados e escondidos
Erros-répteis-animais.

Saem, caem pelos cantos,
Se lambendo, silabando,
Mordiscando com nervoso
Os pingos do parado pranto.

Aos poucos agarra o limo
Nas paredes dos umbrais.
Teus olhos quentes barreiam
Lagos alagados de ais.

Lagartixas e salamandras 
Largam na água suas rixas
Pra emanar o teu mantra
Contra emoções tão prolixas.

Natureza preza paz
Sibilando na frieza
Sonhando com as aquilégias
Em tuas nubladas veias
Que lançam vitórias-régias  
Com o jorrar das cachoeiras.

No susto o açude seca
Na paisagem de savana estépica.
O espírito inspira sol
Na salobra poça tépida.

Rios, vazantes, corixos,
Desígnios de um atalho molhado,
Somem na seca com os bichos
Num coração entocado.

Marcelo Asth


Pantanal. Umidade. Veio esse poema anteontem, mas posto hoje. Não foi nenhuma resposta ao que eu postei da última vez, mas gostei de nadar nos corixos. Me senti uma cobra d'água brasileira.

Quando puder, responda. Enquanto não puder, continue escrevendo poesia. Que sempre leio daqui.

Escrevi um poema e escondi junto aos teus. Será que ele chegou aí?

Começo a duvidar de mim.

Bloba.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Poema: Carta de Marcelo Asth a Bloba - de Marcelo Asth

Carta de Marcelo Asth a Bloba

As serpentes se afastam
Com a figa de azeviche.
Várias palavras sibilantes
Ressoam caóticas no teu beliche.

Nem tento entender de que jeito
Meu pensamento, por fetiche,
Adentra as portas do peito
De quem dorme num beliche...

Não sei por que
O que eu penso escrito
É transcrito do meu peito
De um jeito esquisito.

Meus poemas arrombam tua fresta.
Sob a porta correm versos...
Não escrevo pra este ou pra esta.
Escrevo pras paredes do universo.

Mas secretos fogem de mim,
Escolheram a ti pra roubar muito sono.
E como seu sonho, assim,
Recolhe meus versos e não sou mais dono.

Não duvida de pastiche,
Plágio ou só brincadeira.
Você põe no teu beliche
De uma forma corriqueira,
Na cama que em cima existe,
Tantos símbolos, besteiras
De feia poesia triste
De viagens altaneiras.

Já tentei por muita carta
Entrar em contato contigo.
Percebi que a porta descarta
O que não é verso do seu amigo.

Fiquei aqui, quebrei a cuca,
Pra escrever assim em verso
Uma mensagem maluca
Entre dois mundos diversos.

Não tem tanta qualidade,
Mas só assim que chego a ti.
Através das linhas tortas
Que eu já escrevi em mim.

Marcelo Asth


Foi com sobressalto, como se minha cabeça gelasse e meus pés tremessem, que li este poema na madrugada de ontem. Só por ler o título estremeci imaginando numa fração de segundo o que viria como conteúdo. 

Consegui estabelecer um contato com Marcelo Asth. É como se eu, extraterrestre, fizesse uma descoberta. São dois mundos diversos, como ele diz. Mas compartilho tantas minusciosidades com ele, tantas intersecções...

Agora, a essa altura, quando não acredito mais em sonhos e explicações, tento me definir nessa relação postal-enigmática. Se viessem os versos através de pombos, eu imaginaria estar sendo alvo de chacota. Mas essa relação entrepassa as frestas que os versos rompem, noite à noite, íntimos e secretos, roçando na madeira da casa rodeada de árvores que não escutam seu silêncio.

Tenho vontade de começar a escrever poemas, anotá-los, guardá-los, mesmo que numa caixa, ou junto com os teus que recebo, sob a cama de cima. 

Será que se eu escrevo, algum chega pra você, por debaixo de alguma porta sua? Ou se perde na casa de um tirolês desempregado? 
É perigoso brincar com palavras. É perigoso dar teu significado através de um poema. Não é todo mundo que te entende.

Bom, agora que sei que você me escreveu cartas e nenhuma me chegou, que só vêm versos, peço pra que use mesmo as rimas ruins pra me dizer como faz no teu ritual de escrita. Você faz como? Escreve, guarda em algum lugar, acende uma vela e escreve com pena, delira na tela do computador?


Ah, eu sabia que a pedra de azeviche era ligada ao luto. E agora procurei na internet a relação da pedra com as serpentes.

Quero me comunicar mais com você. Sinto que me comunico também mais comigo.  

Beijo, Bloba.

domingo, 22 de agosto de 2010

Poema: Jangada - Marcelo Asth


Jangada
Canção do Náufrago - Poema Épico

Dei pra fitar meus olhos transatlânticos
Na jangada, que brava, percorre teu mar.
Cantar de improviso algum cântico
Em prol do meu remo, do sol e da proa.
Três horas eu dei pra ficar
Perdido na água de sal numa boa,
Miolos tão quentes a me provocar:
“Naufrágio celeste, morrer no teu mar...”

Minha jangada é firme,
Lambe os seios das ondas.
Delírios como num filme
Transformam-na em gôndola.

Horas de sol, horas a fio...
O meu relógio é o sol a pino,
A falta d’água, meu desafio.
Cantando alucinado, desafino.

Minha embarcação que, breve,
Brava destemida tão leve,
Irá abarcar-se na primeira ilha,
Radiante sobre as águas
Passa muitas milhas.
No mar de minhas mágoas
Por mais de mil trilhas,
Cavei com meu remo a distância do ainda.

Dez horas eu dei pra ficar
Cantando no riso teu canto,
Perdendo a cabeça no mar,
Tão infinito de espanto.

Contar pelo riso semântico
Letras de tuas águas.
Formar gritos de socorro
Em prol da solidão das tábuas.

Delírio de estrelas,
Noite soberana.
- Quando quiser vê-las
Abro a mente insana.

Janela incandescente
É o olho que tudo vê,
Mas nada mais sente
Do que o longe esmaecer.

Doido de enjôo e arrepio
Meu corpo queimado e doído,
Clama de amor e de frio
Rolando na água esquecido.

No mar impossível, este teu,
Largando o meu corpo pra ti,
Devoram-me os peixes daqui,
Do mar denso e gélido que me deu.

Dei pra fechar meus olhos transatlânticos
E emudecer minha boca tão cheia de cânticos.
Minha jangada se encontra perdida no ainda...

Marcelo Asth



Quando o envelope chegou, levantei automaticamente para ler o conteúdo. Mas esse poema é longo demais. Não consegui terminar. Dormi, acordei e li novamente, às 10h da manhã, no sol do inverno, ao som de muitos passarinhos nas árvores que vejo da janela. Aí gostei bastante dele, do poema. Pintei meus olhos com tinta, improvisei um mar com dois baldes d'água, coloquei às alturas Dvorák e cantei esse poema em voz alta, frente ao espelho, por mais de três vezes consecutivas. Depois tomei um banho e pensei em praia, em comer peixe. Bloba quer descanso. 

Será que se eu tirar alguns dias em outra cidade os envelopes ainda assim me seguirão, Marcelo Asth? Desafio! Tiro férias!

sábado, 21 de agosto de 2010

2ª CARTA DE BLOBA A MARCELO ASTH


Marcelo,

creio que tua vida seja deveras parecida com a minha. Nas angústias, nas delicadezas, nas felicidades, nas fraquezas... mas falando a verdade, acho que todo mundo tem muito disso tudo. Mas sabem usar as tais máscaras do teu último poema de modo mais concreto. Teu poema BOBAGENS me fez chorar de madrugada. 

Alguns amigos teus apareceram no blog. Tive medo, vergonha, fraqueza pra responder. Acho que você então já está sabendo da história desse blog. E também dos teus poemas que me furtam as noites. E de tuas fotos manipuladas. Eu os tenho guardado na cama de cima do meu beliche. Pensei em queimar. 

Você sabe que eu existo. Será?

Pensei, então, em apagar esse blog, entender que entrei num estado avançado de loucura... mas pensei também (e dei mais razão a este pensamento) em deixar tudo como está, seguindo postando o que me chega em pleno mistério. 

Caso você entre aqui pra entender essa história, digo já que não sou má pessoa. Posto o que me vem pois acredito que tuas palavras no momento em que adentram num rompante meu silêncio, se tornam também de minha propriedade.

Por favor, se vier até aqui, leia tudo o que escrevi. Entenda essa história. Tenho assinado com o teu nome.

Bloba.

Poema: Bobagens - Marcelo Asth


BOBAGENS

Já faz tempo
Que algum lamento
Dentro de mim
Se instalou.
Mas com máscaras eu me visto
E sorrindo assisto meu esplendor.
Quantas barbáries, estrondos, calma,
Cartas, bobagens, escombros na alma...

Hoje tento ser mais rio,
Mais corrente, mais passagem...
Lento, em curva, me desvio,
Renovando minha paisagem.

Marcelo Asth



Tenho andado tortamente, repensando minha vida. Eu, Bloba, entro nesse estado de fascínio com as surpresas que tem ocorrido. Tenho querido viver mais, vislumbrar futuros. Tenho pensado poesia. Me acho também entrando no ridículo.


Pessoas se manifestaram nesse blog, dizendo conhecer o Marcelo Asth. Tive medo de responder. As coisas são muito delicadas...

Recebi esse poema na madrugada de ontem. Junto a ele, esta foto. E um guardanapo usado, com uma nódoa amarelada. A essa altura, pra que querer entender certas coisas?

domingo, 15 de agosto de 2010

Fui pesquisar sobre o estado alfa










Fiz uma pesquisa sobre o estado alfa do sono. É sempre quando estou entre o dito mundo real e o dito mundo fantástico que ouço o som distante do papel friccionando em atrito com a madeira do chão e a madeira da porta. Mas esse som delicado cada vez vem mais forte. É quase um estrondo:


"O que chamamos de "Estado Alfa" ou Alpha é um determinado predomínio cortical pré-frontal de frequências cerebrais próximas a 10 ciclos por segundo. Algumas investigações parecem indicar que um predomínio destas frequências em determinadas partes dos lobos conscientes significam que a mente está concentrada de forma criativa - isto aparece durante sonhos, em devaneios, em meditações e orações, mas também em momentos de intensa concentração prazeirosa, quando, por exemplo, um matemático está resolvendo um problema instigante, um artista está buscando definir uma pintura ou um escritor está escrevendo a sua obra.
As pesquisas ainda não são conclusivas, mas alguns acreditam que este estado é o que alguns psicólogos chamam de "estado de fluxo", uma sincronização mental. É como se a parte hipotalâmica da mente - responsável pela motivação - e o sistema límbico - responsável pela resposta emocional - se entrosassem com a parte cortical pré-frontal - responsável pelas decisões conscientes e julgamentos."



Tenho percebido que esta coleção misteriosa que venho recebendo com meus sustos está aumentando muito. Devo já ter por volta uns 60 poemas recebidos desta mesma pessoa: Marcelo. E 61 imagens estranhas.


Será que estou surtando? Hoje acordei com uma tremenda dor de cabeça. O envelope de ontem à noite só veio com essa foto. Fui à cozinha e preparei um café. Demorei muito pra dormir, fiquei em estado de alerta. A poesia não veio.

sábado, 14 de agosto de 2010

A primeira foto que recebi


o primeiro envelope posto debaixo da minha porta veio somente com isso escrito:

Palavra por palavra, virarei verso.
Marcelo Asth

CARTA DE BLOBA A MARCELO ASTH


Marcelo Asth,
utilizarei da maior franqueza a teu respeito. Não o conheço, nem sei se você existe, se é real. Acredito que sim. Dois meses que, toda noite eu recebo um poema teu por debaixo da porta. Isso tem me assustado. Sei que não é você quem entrega. Seria impossível. Quantas vezes não corri à porta, abri e não vi nada. Nada, além do envelope com uma poesia. Já chorei de desespero nos primeiros dias, mas depois fui lendo e me acalmando. Os poemas que chegaram nesse tempo estão na cama de cima do meu beliche. Meu irmão que dormia nela era poeta. É debaixo dela, entre o estrado, o lençol de elástico e o colchão que guardo todos os teus, pra esconder, guardar. Ninguém ia entender se eu falasse. A carta toda noite vem.

Queria te avisar sobre isso pois creio sinceramente que uma pessoa não seria tão engenhosa e maquiavélica a ponto de me deixar em neuroses.  Mas acredito mesmo que é inocente. Que elas aparecem aqui por algo maior, que passei a acreditar com o início dos envelopes. Tudo que vem acontecendo... as palavras, as fotos. De onde surgem as cartas??? É sempre quando eu sinto os primeiros vestígios de sonho. É sempre o mesmo som que faz no assoalho, é sempre a mesma tensão do acordar repentino, do coração batendo forte.  E dentro do envelope sempre vem uma foto. Acredito que sejam suas, mas elas sempre vem transformadas demais, coloridas demais. Eu gosto delas. Mas isso me assusta.

Reuni todos os poemas nesse tempo e transcrevi-os para este blog que criei pra registrar essa história estranha. Estou pensando em queimar estes poemas. Mas não queria perdê-los de todo. Não quero pensar que é meu irmão morto que as entrega. De onde ele te conheceria? Que ligação seria essa?

Os teus poemas que começaram a chegar, no início eram ternos, continham certa melancolia. Depois me visitaram alguns com conteúdo estranho, palavras que me provocavam e, aí sim, eu comecei a desconfiar dos vizinhos e passar dias em perplexidade. Mas moro num sítio, seria difícil uma daquelas pessoas entrar em minha propriedade, passar por várias portas trancadas até alcançar o corredor que leva a meu quarto, sem ranger a madeira da estrutura e sumir assim, de repente. Não adianta eu esperar o envelope chegar... é sempre quando eu começo a me desligar desse mundo, entrando em estado alfa.  

Acredito que por aqui, por este blog, não passe ninguém mesmo. Não vejo perigo em postá-los. Eles vieram como vento até a mim. E se alguém acessar esse espaço, que é virtual e não tem atrativos, vai ler dois versos e dar o fora. Não que você não escreva bem, mas é que ninguém mais tem paciência pra ler poesia. Eu gosto do que você escreve. Gosto muito de poesia. Até escrevia, mas parei quando meu irmão morreu.

De noite a gente fazia um jogo no escuro. Ele, na cama de cima, mandava uma palavra. Eu, outra. Daí a gente fazia poesia antes de dormir e devia sonhar mais do que outras crianças.

E venho digitalizando as imagens tuas que recebo pra pôr aqui. Elas são um tanto alteradas, às vezes pitorescas demais.

Caso você exista, comente esse post.
Com estranho afeto,
Bloba

P.S¹: essa foto que postei foi a última tua que recebi.
P.S²: criei esse blog e tenho assinado como Marcelo Asth.
P.S³: desculpe-me a liberdade em reuni-los aqui, mas não tenho como não dizer que eles também são meus. A partir do momento em que recebo, toda noite antes de dormir.

Poema: Colheita - Marcelo Asth


COLHEITA

A planta de teu pé
Fincou raízes em minha terra.
Abriu espaço, bebeu minha água,
Me deu um abraço na terra fofa.             

A batata de tua perna
Fincou raízes em minha terra.
Abriu espaço, bebeu minha água,
Me deu um abraço na terra fofa.            

A maçã de teu rosto
Fincou raízes em minha terra.
Abriu espaço, bebeu minha água,
Me deu um abraço na terra fofa.           

Teu corpo bebeu toda a água,
Minha terra, assim secou.
Hoje só vejo na alma
As folhas secas que você deixou.

Marcelo Asth

Poema: Inverso - Marcelo Asth


INVERSO

Se tudo para mim vem ao contrário,
Contrario e contra o rio nado.
Nada me faz ser impotente,
Tudo me faz ser importante,
E o imponente vence o oponente
A todo o eterno instante.
Se todo terno instante
É conquistado com luta,
Faço fogo e suor com força bruta
E rio e contrario
E contra o rio nado.
Se tudo para mim vem ao contrário
Nada é páreo,
Tudo é áureo,
Tudo é avesso,
Atravesso,
Tudo é verso,
É travesso,
É o inverso.

 Marcelo Asth

Poema: Mar Nervoso - Marcelo Asth


MAR NERVOSO

Minha alma, nau perdida,
sem rumo, sem remo, sem rima,
busca ventos de partida,
busca alguém que nunca tema
ter nas mãos timo inconstante
pra seguir sempre adiante,
além de qualquer problema.

Mas meu peito é mar nervoso,
tempestade em alto mar.
Nunca nenhum comandante
foi bastante meu amante
pra comigo se afogar.
Nunca nenhum viajante
conseguiu ir tão distante
pra conseguir me amar.

É preciso um coração
feito âncora que me prenda,
feito bússola que me entenda,
feito vento que se estenda
no meu peito, mar nervoso,
tempestade em alto mar.

Marcelo Asth

Poema: Galope - Marcelo Asth


Galope

Se solto meus cavalos
Como solto meus cabelos,
O vento dos meus medos
Vai acabar por penteá-los.
Cem léguas me embrenho na bruma,
Com a língua lambendo a brisa,
Bebendo espuma.

Se volto com meus medos,
Em que toca hei de cavá-los?
Como faço pra cabê-los?
Entoco pra acabá-los. Pra não tê-los.

Dali nascem mil flores,
Feias, tortas; vezes mortas, frágeis...
Desejosas de um vento
Que venha a todo momento.
Galopam cheios de força
Meus cavalos tempestivos,
Abatendo feias flores no caminho.

Marcelo Asth

Poema: Segredo - Marcelo Asth


Segredo

Pela imperfeição do nada
Criei um tudo
e enlouqueci bêbado de espanto.
A treva do trevo me fez pensar qual dos caminhos.
E criei raízes que sugam a força da terra.
E não me tornei árvore.
E enlouqueci bêbado de espanto.
Meu espírito, atordoado com o desejo do vôo,
Na discrepância do desejo corporal,
Se rasgou de mim e espalhou por minha terra um caminho de sal.


Marcelo Asth

Poema: Apoptose - Marcelo Asth


Apoptose

10 mil estrelas vão caindo no horizonte
E eu aqui parado, a me olhar no anteontem...
Eu no outono da minha idade,
Assistindo a apoptose das minhas folhas
Em apoteose pela cidade. 

Marcelo Asth

Poema: É - Marcelo Asth


É

.Eu me encontro é no desencontro.
.É no instável que me sinto pronto.
.Em início de frase é que uso ponto.
.É estando parado que mais fico tonto.
.É seguindo reto que me ponho torto.
.É sendo navio que me sonho porto.
.É estando vivo que me sinto morto.

Marcelo Asth

Poema: Canção da Aia para o Infante - Marcelo Asth


Canção da aia para o infante

Dorme o infante
Pois neste instante
A tua ama fez anoitecer
E pôr no céu teu lindo enfeite
Da cor do leite: a lua fez nascer!
Dorme o infante
Todo elegante.
No berço, o ouro nem se faz brilhar.
É que o menino tem brilho próprio.
Ele é filho do que está a reinar.
Dorme bem cedo
E, se tristonho
Quiser estrelas,
Vou ao céu e as ponho.
Dorme sem medo,
Todo risonho,
Reina em segredo
O mundo do seu sonho.

Marcelo Asth

Breve - videopoema de Marcelo Asth




videopoema de Marcelo Asth, com o ator Lucas Nascimento - praia de Ipanema


no envelope recebi este endereço do youtube. Tive vontade de ir a praia de Ipanema assim que acordei.