sexta-feira, 1 de abril de 2011

Poema: Ira Arrebol

IRA ARREBOL

parcimônia harmonia
olhar o arrebol quando morre o dia.
velório calendário -
me empurra em mutação.

eu nunca sou quem sou
(eu nunca sou),
eu devenho - 
devo adivinhar de onde venho.

animadvertir o ser advertido
por se divertir no perigo.

por dentro 
ira, 
ira, 
ira
e o desejo de explodir
dez mil mundos,
depois de comer o pão
plantando o trigo.

peremptória ousadia
a de matar o próprio abrigo
que se dizia alma, 
abrindo o umbigo.

sorrir
enganando a esperança...


León


Dessa vez não vieram os três poemas do meu irmão morto por dentro da embalagem de pão. Acreditava que pra cada manifestação de cada poeta que se corresponde comigo existisse um padrão de encaminhamento. Mas não. Dinorah Lima deve ter me esquecido. Ela deixou os poemas dentro do forno. Marcelo Asth traz por debaixo da porta do meu quarto. León na embalagem de pão. Não mais.
Agora os três últimos poemas de León estavam entre os papéis dentro da lareira. Prestes a serem comidos pelo fogo. Não sei há quanto tempo se encontravam por lá.
Foram dormir no beliche de cima.


León é morto. Marcelo Asth está vivo. Dinorah Lima, não sei.

Bloba. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário