NATAÇÃO
Bater braços.
Nada.
Tudo o que me afoga no mar
me afaga.
O cansaço da ânsia desperta:
o ar no pulmão me aperta,
a distância do cais me aparta.
O caos não quero mais.
Por nadar, a água está farta.
O pulmão que abra e feche
pra eu conseguir boiar!
Bóia no mar.
Habito o que em mim se mexe
e se espraia em meu habitat.
Morrer na praia não deixe.
Que o mar não está pra peixe,
que o peixe não está pra mar.
Marcelo Asth
Há duas madrugadas, na hora de dormir ouvi o arrastar do papel mais uma vez enunciando a chegada de poemas novos. Marcelo Asth. Li na mesma hora, com o tédio abrindo espaço sobre mim e sobre o beliche. Eu gostava muito do que lia dele, antigamente. Os poemas pararam de surpreender como no início. Tanto pelo conteúdo quanto pela rotina da fricção do envelope sob a porta. Gosto dos poemas de León, de Dinorah Lima e dos outros que vieram, não sei. Marcelo Asth está vivo, mas não sei se entra neste meu blog tão particular. Como ele chega a mim diretamente, invadindo a minha privacidade, tenho a liberdade de criticar, dizendo que seus versos são de bobas rimas, falsas angústias e pouca alegria. Falta ser profundo de verdade. Repito que gostava dos antigos. Estes novos trazem alguma coisa boa, eu sei. Mas não me agradam mais. Precisam de revolução.
Bloba
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