QUEBRASSÍLABO
Parte 1
E pensar: amar a um, sendo dois.
Ou então, amar a dois, sendo um...
A sutil diferença que depois
Configura o amor de forma incomum.
E pra se viver de amor é preciso
Morrer de saudade na tua espera.
Assim meu vício carece de siso;
No que é difícil domar qualquer fera...
E nossos seres vão se amalgamando...
Dois corpos não ocupam um só lugar!
Confusos, dois corpos vão se amarrando
Buscando a téssera complementar.
Colidindo-nos, seres de elisão,
Nossa escansão torna-se necessária
Pra que possa dizer ao coração
Nosso ritmo em batida diária.
E se nós somos vogais semelhantes
Precisamos nesse verso da crase.
Mas se nós somos letras dissonantes
Somos elisão numa mesma frase.
O intrigante dessa necessidade
É querer rimar me formalizando.
Talvez um verso branco que me invade
Venha em liberdade se anunciando:
Parte 2
Quando quebro os decassílabos
Meu verso voa pra ser teu poema,
Livre e sem rimas ou regras de aglutinar.
Ficamos na espera
- pra entender a espera -,
E ficamos na saudade pra saudar o tempo.
Pra sentir sua falta e explodir num exato momento.
De quando abraçar.
Somos dois voando juntos,
Sem compromisso da métrica.
Apenas como versos soltos,
Conjuntos poetizando amor.
Marcelo Asth
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